Christiane Torloni - Intensa por Natureza

janeiro 02, 2012


Alguns papeis deixam marcas em seus intérpretes. Pelo menos, é isso que acontece com Christiane Torloni. “Todas as personagens são como pessoas que encontramos na vida. Elas deixam coisas”, sentencia ela, que tem a rigidez como uma de suas características mais latentes.
 
Dona de uma voz monocórdia e respostas geralmente salpicadas de expressões estrangeiras, a atriz, de 54 anos e 36 de carreira, lembra a firmeza da sua atual personagem, a Tereza Cristina de ‘Fina Estampa’. Na trama, a perua tresloucada tem satisfação em humilhar e maltratar quem vai contra seus caprichos, como a protagonista Griselda, interpretada por Lília Cabral.
 
Bem diferente, Torloni garante saber levar a vida com maleabilidade. E que, principalmente, passou a rir mais de si mesma. “Acho que deve ser um dado de compaixão. Porque se a gente não se perdoa um pouco, a vida fica muito pesada”, atesta.

O humor, sempre que necessário, está presente no discurso da atriz, que é adepta de frases espirituosas para contrastar com alguns comentários mais sisudos. Como, por exemplo, ao falar de seu foco acentuado ao trabalho. “Nesta quinta, tenho 41 cenas para gravar. Tenho de ser bem rigorosa. Não estou no ‘Cordão da Bola Preta’ dançando, curtindo, tomando cerveja. Pelo contrário, é um personagem muito rigoroso, dos mais rigorosos que eu já fiz”, enfatiza ela, que não reprova a condição cômica do seu papel, que beira o humor pastelão. “Não acho que isso seja uma estratégia para fazer com que a personagem seja mais ou menos amada. É uma questão de identidade”, frisa Torloni. “O Falabella, quando fez o Caco Antibes, em ‘Sai de Baixo’, falava coisas horríveis e todos riam. O ser humano é a única criatura que ri da sua própria miséria”, completa.
 
Um dos principais cuidados que a atriz tem é o de não fazer julgamento de valores de seus papeis. Christiane garante nem defender e tampouco condenar quaisquer que sejam as atitudes da sua personagem. “Não tomo o lugar do espectador. Sou intérprete. Quando se defende, justifica ou protege o personagem, o público sente isso. Mais do que ele, o autor sente isso”, ensina.

Ao longo de sua carreira, Christiane acumulou no currículo diversas personagens que ainda são lembradas pelo público, como a Joana Penteado de ‘A Gata Comeu’ e a Dinah de ‘A Viagem’. “Olha que interessante. São dois trabalhos da Ivani Ribeiro, um é uma grande comédia e o outro começou bem engraçado, mas era dramático para chuchu”, lembra.
 
Mas entre protagonistas e vilãs, a atriz acredita que o mais difícil é fazer um personagem ruim. “Claro que já fiz. Mas a vida é generosa e passei a perceber que os maus papeis me ensinaram a agarrar os bons com unhas e dentes. Aquilo que é ruim também passa”, diverte-se ela, que já se arrependeu de ter feito um papel porque a enganaram. “Disseram que seria melhor do que era”, revela, às gargalhadas, sem revelar o nome do papel. “No caso da personagem Tereza Cristina fui enganada para melhor”.
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